terça-feira, 26 de março de 2013

Fonte: Sul21 

http://www.sul21.com.br/jornal/2013/01/protesto-contra-aumento-da-passagem-mobiliza-centenas-de-pessoas-em-porto-alegre/

Protesto contra aumento da passagem mobiliza centenas em Porto Alegre

Manifestantes saíram da Borges de Medeiros em direção à Júlio de Castilhos | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Samir Oliveira
Centenas de pessoas percorreram o Centro de Porto Alegre nesta segunda-feira (21) para protestar contra o aumento da passagem do transporte público municipal. Atualmente, a tarifa de ônibus é R$ 2,85 e a de lotação, R$ 4,25.
Oficialmente, ainda não há nenhum movimento das empresas que detêm as concessões do transporte público no sentido de elevar o valor da passagem. Mas, tradicionalmente, o reajuste costuma ocorrer até o final de fevereiro de cada ano. Entre os manifestantes, se comentava que o valor reivindicado pelas empresas seria de R$ 3,15.
Protesto percorreu terminais de ônibus no Centro de Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Unificados em torno do Bloco de Luta em Defesa do Transporte Público, os manifestantes começaram a se concentrar no Largo Glênio Peres por volta das 17h30. Aos poucos, a multidão foi engrossando com a chegada de militantes do PSOL, do PSTU e da Juventude do PT, além de um grande número de anarquistas, que portavam bandeiras pretas e vermelhas – tradicional presença nos atos contra o aumento da passagem em Porto Alegre.
Militantes de outros coletivos e grupos também aderiram à marcha, como os integrantes do Movimento Revolucionário e do Utopia e Luta. Sindicalistas e dirigentes de centros acadêmicos de escolas e faculdades também se fizeram presentes. Outra parte significativa do protesto foi composta por pessoas sem identificação partidária e que não estão ligadas a nenhum coletivo.
População recebeu panfletos informando as reivindicações do Bloco de Luta em Defesa do Transporte Público | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Às 18h30, o grupo iniciou a caminhada, se deslocando pela avenida Borges de Medeiros em direção à avenida Júlio de Castilhos, passando, em seguida, pela praça Parobé – ponto de partida de muitos ônibus que finalizam e iniciam seus trajetos pelo Centro.
Durante todo o ato, que se encerrou em uma concentração em frente à prefeitura, os manifestantes entoaram diversos gritos de protesto, como “Mãos ao alto! Esse aumento é um assalto!” e “Pra trabalhar! Pra estudar! Mais um aumento eu não vou pagar”. Algumas frases atacavam diretamente o prefeito José Fortunati (PDT), como “Estudo! Trabalho! Dou duro o dia inteiro! Fortunati anda de carro e ainda rouba o meu dinheiro!”
Desenhos fixados na ponta de taquaras ilustravam cidadão chutando uma catraca | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Os manifestantes também apoiaram as reivindicações dos trabalhadores rodoviários, que pedem um aumento de 30% às empresas de ônibus, além da redução da jornada de trabalho de 7h10min para 6h. Ao passar por diversos ônibus que estavam estacionados recolhendo passageiros, os integrantes do protesto cantaram: “Ô motorista! Ô cobrador! Me diz aí se o teu salário aumentou!”. A resposta veio na forma de risadas e sinais negativos feitos pelos trabalhadores.
Além dos bordões, dezenas de cartazes e faixas informavam o motivo do protesto. Muitas delas ironizavam: “Fortunati, carrega meu TRI”, “Como vou procurar emprego, se não consigo pagar a passagem?” e “Fui roubado! Andei de ônibus”. Um cartaz informava todos os aumentos ocorridos desde 2001, quando a passagem custava R$ 0,95.
Diversos cartazes e faixas transmitiam mensagens sobre o protesto | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
De acordo com um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), a tarifa de ônibus em Porto Alegre subiu 670% entre 1994 e 2012. No mesmo período, a inflação aumentou 310%. O último reajuste ocorreu no final de janeiro do ano passado, quando o prefeito José Fortunati sancionou um aumento de 5,56%, elevando a tarifa de R$ 2,70 para R$ 2,85.
Ministério Público de Contas questiona critérios adotados para reajuste
No final do ano passado, o Ministério Público de Contas (MPC) questionou os critérios adotados para reajustar o preço das passagens. Baseado numa inspeção especial realizada nas contas da EPTC em 2011, o órgão pede que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) cobre esclarecimentos da prefeitura sobre o tema.
Manifestantes criticaram o prefeito José Fortunati e os empresários que operam o transporte público na Capital | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
De acordo com o MPC, o relatório da inspeção constatou irregularidades nos cálculos que fixam o valor das passagens. A principal delas diz respeito ao cálculo do Percurso Médio Mensal (PMM), que, nos moldes elaborados pela prefeitura, considera a frota total dos ônibus.
O MPC questiona esse critério, por entender que não se pode incluir os ônibus reservas – que não estão em circulação – para compor o quadro tarifário. O relatório da inspeção feita pelo TCE constata que “acaba por se diminuir artificialmente a produtividade do sistema, uma vez que pressupõe a rodagem simultânea dos veículos reservas e operantes”.
Manifestantes anarquistas se pintaram de preto e vermelho | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
A auditoria aponta que “ao se corrigir no cálculo tarifário do PMM, substituindo-se a frota total pela frota operante, (…) a tarifa técnica decai de R$ 2,88 para R$ 2,60”, acrescentando que “essa correção metodológica impacta na redução de 12,06% no custo fixo por quilômetro e 9,72% no custo total por quilômetro”.
Baseado nesse relatório, o TCE solicitou informações à EPTC. O pedido foi encaminhado no dia 28 de dezembro de 2012 e respondido pela prefeitura no dia 7 de janeiro deste ano. O processo ainda está tramitando no Tribunal de Contas.
Cartaz informa todos os reajustes ocorridos entre 2001 e 2012 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

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